Geralmente, é uma produção menor [na classificação especial], em que você faz tudo muito manual, tudo muito artesanal. A colheita que fazemos aqui é diferente do que se fazia no Século 19. Quando tinha um volume maior de café maduro, eles puxavam tudo [os grãos] de uma só vez. O que nós fazemos? Visualizamos e só colhemos os maduros. Cinco pessoas durante dois meses colhendo, porque precisa esperar o tempo de maturação dos grãos, que não é uniforme, apontou.
O atual cultivo de café na propriedade, que começou em 2017, tem 14 mil pés, com produção anual de 30 sacas, cada uma de 60 quilos em média.
Em 2019, a Fazenda Florença conquistou o primeiro lugar no 3º Concurso de Cafés Especiais do Estado do Rio de Janeiro, promovido pela Associação dos Cafeicultores do Estado do Rio e pelo Sebrae, com apoio da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Pesca e da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Energia e Relações Internacionais. O grão vencedor era do tipo arábica.
Embora a história tenha dado à região o nome de Vale do Café, por ter sido o maior polo de produção do grão no mundo em períodos do Século 19, sua produção atual é considerada pequena em relação ao restante do estado e representou apenas 1% da produção fluminense. Dono de uma fazenda que fez parte da história e faz parte do presente dessa cultura, Paulo Roberto relembrou como essa produção foi estabelecida no passado:
Quando o café sai da Etiópia, os holandeses e os franceses o trouxeram para as guianas francesa e holandesa, pouco depois de 1700. Eles cultivaram o café em estufa e, das guianas, foi trazido para o Brasil, em 1717. Veio para a província do Grão Pará, hoje estado do Pará e para o Maranhão. Chega no Rio de Janeiro em 1764, contou, acrescentando que onde atualmente é um quartel da Polícia Militar, no centro da cidade, existia um convento no qual os padres cultivaram o café, que depois se espalhou para outras localidades, como o Vale do Paraíba, até chegar no interior do estado na época do Segundo Reinado.
Segundo a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Rio de Janeiro (Emater-Rio), a retomada da produção do grão no Vale do Café ocorreu há cerca de seis anos, motivada pela ação de produtores e pelo suporte de instituições como a própria empresa e o Sebrae. O foco da iniciativa é a valorização da produção local e a reestruturação da cadeia produtiva de forma qualificada e sustentável.
Grande parte do café produzido na região é consumida localmente, com valor agregado elevado, em função da importância histórica do Vale do Café e da qualidade em ascensão. A produção é fortemente voltada ao público turístico que visita as fazendas históricas da região, acrescentou.
Segundo a empresa pública, em 2022, foram produzidas 9,65 toneladas (t), com média de 2,41 t por produtor. Dois anos depois, a produção quase dobrou e alcançou 18,90 toneladas, com média de 2,36 t por produtor.
Cursos de música
Além de assistir às apresentações principais, os visitantes terão oportunidade de acompanhar ensaios na Praça Central de Vassouras, realizados por alunos dos cursos de música oferecidos pelo evento. Com a coordenação do professor Rodrigo Belchior, turmas de todas as idades poderão passar por oficinas de cordas, sopro e metais.
Por cinco dias, [os alunos] ampliam seu repertório nas aulas de musicalização e passam pela experiência do coral cênico. Se apresentam durante a semana no centro Cultural Cazuza, e o encerramento é marcado por uma apresentação entre alunos e professores, na Igreja Matriz de Vassouras, indicaram os organizadores.
O Festival Vale do Café é um projeto da Backstage Produções e a 20ª edição tem patrocínio da empresa de logística MRS, Light, Sebrae e da Secretaria de Estado de Turismo e de Cultura do Rio de Janeiro. O Sesc é o parceiro cultural. O Festival conta ainda com apoio institucional da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Serviços e parceria de mídia da Onbus Digital e Rádio Vassouras FM; Lei Rouanet, realização Ministério da Cultura, Governo Federal, União e Reconstrução.
*A reportagem da Agência Brasil foi convidada pela Backstage, empresa produtora do festival, para visitar a Fazenda Florença, em Conservatória, distrito de Valença.