“A maioria das pessoas que interpreto já faleceram, são pessoas que são de livros ou faleceram, e o Marcelo é o primeiro vivo. Já representei Euclides da Cunha, personagens de livros de Mário de Andrade. Ele me disse uma coisa muito pertinente: ‘Johnny, eu já vi vários Marcelos, não se preocupe, faz o seu Marcelo’. Achei super interessante e me deixou mais livre, inclusive. Eu, que tenho pai, que não conheci, interpretando Marcelo nessa ópera, mexeu muito comigo”, disse à Agência Brasil,
França destaca que, no livro, o autor sempre pontua a questão paterna. O pai de Marcelo Rubens Paiva foi o deputado federal Rubens Paiva, morto pela ditadura militar brasileira, em 1971.
“Estou muito feliz e emocionado por protagonizar isso”, concluiu, acrescentando que o convite para a sua participação foi feito pelo próprio maestro Rodrigo Toffolo.
Amigo de Marcelo Rubens Paiva, Arrigo Barnabé, que na montagem representa ele mesmo, se mostrou feliz por compor o elenco e ainda convidou o público a assistir à ópera.
“Ela vai acontecer no dia 28 de junho na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro e também em agosto em Belo Horizonte. Espero que vocês apareçam para nos prestigiar”, disse também em vídeo divulgado no Instagram na OOP.
Surpresa
Em um vídeo divulgado no Instagram da Orquestra, Marcelo Rubens Paiva, disse, depois de acompanhar a um ensaio da montagem da Ópera em um estúdio de Perdizes, em São Paulo, que se surpreendeu com o que viu. Lá, se encontrou com Barnabé, que não sabia ser integrante do elenco. Na sequência, viu a orquestra inteira e detalhou os momentos de emoção.
“Oito violoncelistas, oito violinistas, dois xilofones, o elenco de cantores, tenores, sopranos falando da minha vida. Foi uma coisa de cair para trás. E começa de um jeito lindo, que é a história real. No lançamento do meu livro Feliz Ano Velho, os livros não foram. Não chegaram, mandaram os livros errados. O único evento literário da humanidade em que o livro não chegou. Aí, fala do Rio de Janeiro, da minha infância, do acidente, da minha paixão pela música, das minhas parcerias musicais. Fiquei completamente atordoado. Nunca imaginei que chegaria a este ponto de virar uma ópera. É o ápice da vida de uma pessoa. Duas coisas que nos fazem acreditar que a gente chegou lá: você ser tema de palavras-cruzadas e virar uma ópera. Consegui os dois”, brincou.
A carreira de Feliz Ano Velho, a Ópera já tem outras datas e poderá ser vista nos dias 22 e 23 de agosto, em duas récitas (apresentações) no Palácio das Artes, em Belo Horizonte. As montagens fazem parte das comemorações dos 25 anos da Orquestra que, neste tempo, se tornou referência nacional e internacional, trazendo novidades para o cenário musical brasileiro e apresentando trabalhos que propõem a união da literatura com a música.
Carnaval antecipado
A apresentação de Feliz Ano Velho, a Ópera, neste sábado, é uma das atrações do Orquestra Ouro Preto Vale Festival 2025. No domingo (29), haverá ainda dois concertos que prometem muita animação para o público nas areias de Copacabana e mostrarão a versatilidade da OOP. A partir das 18h, pela primeira vez, a orquestra estará no palco com a cantora Mart’nália e, às 19h30, também em apresentação inédita com o Bloco Sargento Pimenta.
Segundo os organizadores, o show de Mart’nália “celebra a alma da cidade e do Brasil. Seu repertório dialoga com a paisagem e com o espírito festivo do evento”. O público poderá conferir sucessos da carreira da cantora, clássicos do samba e da MPB, como Canta, Canta Minha Gente, Sorriso Negro e Tarde em Itapoã, além de sucessos dos anos 90, como Domingo e Cheia de Manias.
O Maestro Rodrigo Toffolo disse que o convite à cantora teve a intenção de ser um presente para o público carioca, porque a musicalidade, carisma e a energia contagiante de Mart’nália “combinam perfeitamente com o clima do festival e com esse momento especial da orquestra”. No primeiro ano do festival, o show foi com o cantor Alceu Valença, lembrou o maestro.
O Bloco do Sargento Pimenta entregará ao público o que é a sua marca: arranjos orquestrais de clássicos dos Beatles, que costumam empolgar foliões ao transformar a música do quarteto de Liverpool em uma festa brasileira.
“A escolha dos convidados foi feita com muito carinho. O Bloco do Sargento Pimenta representa uma conexão direta com a juventude do Marcelo Rubens Paiva e de toda uma geração que viu os Beatles florescerem no Brasil. E eles têm essa incrível capacidade de arrastar multidões, algo que casa perfeitamente com o nosso propósito de levar a música a todos os públicos”, conta o maestro.
Parceria
O Orquestra Ouro Preto Vale Festival 2025 há cinco anos tem o patrocínio do Instituto Cultural Vale. Para o presidente do Instituto, Hugo Barreto, a parceria permite realizar projetos culturais de qualidade de forma gratuita para o público.
“Acreditamos no poder transformador da arte e na importância de tornar a cultura acessível a todos. Apoiar a Orquestra Ouro Preto nesse momento tão simbólico é motivo de orgulho para o Instituto Cultural Vale, pois reafirma nosso compromisso com iniciativas que unem excelência artística, inovação e inclusão social”, comentou ele que acrescentou que a festa também celebra os 25 anos da orquestra e os cinco anos do Instituto Cultural Vale.