Moraes proíbe uso de farda por réus em depoimento sobre golpe

Compartilhar notícia

Moraes proíbe uso de farda por réus em depoimento sobre golpe
Moraes proíbe uso de farda por réus em depoimento sobre golpe - Foto: Agência Brasil
Moraes proíbe uso de farda por réus em depoimento sobre golpe - Foto: Agência Brasil

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) vedou o uso de uniforme militar durante o depoimento dos réus do núcleo 3 da trama golpista que teria tentado manter o ex-presidente Jair Bolsonaro no poder após derrota nas urnas. 

Segundo o juiz auxiliar Rafael Henrique Janela Tamai Rocha, que atua no gabinete de Moraes, o ministro ordenou que os réus sejam interrogados com roupas civis porque a acusação é voltada contra os militares, não contra o Exército Brasileiro como um todo. 

A determinação foi questionada pelas defesas de dois tenentes coronéis da ativa, Rafael Martins de Oliveira e Hélio Ferreira Lima, que foram solicitados a deixar o local em que seriam interrogados para que trocassem de roupa antes de poderem falar. 

A defesa do tenente-coronel Rafael Martins, que está preso em uma unidade militar, argumentou que por obrigação ele fica de farda no local durante todo o dia. Os advogados reclamaram de constrangimento ilegal e violação da dignidade da pessoa humana, por exigir que o militar use uma roupa emprestada para que possa prestar depoimento na ação penal da qual é réu. 

O advogado Luciano Pereira Alves de Souza, que representa Hélio Ferreira Lima, chamou a situação de vexatória, por exigir que o réu retire a roupa que ele está vestindo e pegar uma roupa emprestada. O defensor destacou que, por ser da ativa, o militar passa todo o horário comercial fardado, sendo que não houve nenhum aviso para que comparecesse ao interrogatório sem o uniforme. 

Não há previsão legal sobre o assunto, afirmou a defesa de Lima. 

>> Siga o canal da Agência Brasil no WhatsApp

Os dois tenente-coronéis integram as forças especiais do Exército, grupo que é informalmente conhecido como kids pretos, por causa da tradicional boina utilizada por eles. 

Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), os dois estavam na rua, em Brasília, monitorando a movimentação do próprio Alexandre de Moraes, em 15 de dezembro de 2022, ao aguardo de uma orientação para colocar em marcha o plano para sequestro e possível execução do ministro. 

O plano só não teria ido à frente, sendo abortado já em andamento, diante da resistência do comandante do Exército à época, general Freire Gomes, disse a PGR com base nas investigações da Polícia Federal (PF). 

Entre as provas apresentadas, estão conversas em aplicativos de mensagem e documentos segundo os quais Rafael Martins chegou a adquirir um aparelho celular descartável para ser utilizado na ação. 

Dez réus 

O núcleo 3 é formado por nove militares e um policial federal. Eles são acusados de realizar ações de campo para consumar o golpe, colocando em marcha um plano para neutralizar adversários, e também de promover uma campanha para pressionar o alto comando das Forças Armadas a aderirem ao complô golpista. 

Confira os réus que serão interrogados nesta segunda:

Bernardo Romão Correa Netto (coronel);

Cleverson Ney Magalhães (tenente-coronel);

Estevam  Theophilo (general);

Fabrício Moreira de Bastos (coronel);

Hélio Ferreira (tenente-coronel);

Márcio Nunes De Resende Júnior (coronel);

Nilton Diniz Rodrigues (general);

Rafael Martins de Oliveira (tenente-coronel);

Rodrigo Bezerra de Azevedo (tenente-coronel);

Ronald Ferreira de Araújo Júnior (tenente-coronel);

Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros (tenente-coronel);

Wladimir Matos Soares (policial federal).