Agrishow 2025: Sustentabilidade energética além da vitrine?

A Agrishow está chegando. Ribeirão Preto se prepara para receber novamente a maior feira agropecuária da América Latina, com seus tratores imponentes, drones futuristas e negócios bilionários. Mas, em meio a tanta tecnologia, inovação e marketing verde, fica a pergunta: a sustentabilidade energética é protagonista ou apenas figurante nesse espetáculo?

Nos últimos anos, vimos avanços: drones elétricos, tratores híbridos, painéis solares e biodigestores começaram a marcar presença — ainda que timidamente. Mas sejamos francos: o ritmo da transição energética no campo está muito abaixo do potencial do agro brasileiro. E não por falta de tecnologia — mas por falta de prioridade.

O Brasil tem um agronegócio de escala global, com um pé no cerrado e outro nos maiores mercados do mundo. Se quisermos continuar exportando para países que exigem rastreabilidade e sustentabilidade, precisamos mais do que slogans. É necessário mostrar, na prática, que usamos energia limpa, que os resíduos são aproveitados e que o maquinário é eficiente.

A feira é uma vitrine. E como toda vitrine, pode encantar ou expor contradições. Este ano veremos soluções energéticas realmente aplicadas no campo ou apenas modelos conceituais? Tratores elétricos funcionando em campo ou só nos folders? Soluções acessíveis para o pequeno produtor ou apenas para quem exporta em dólar?

O agro brasileiro tem tudo para liderar essa transformação. Temos sol, biomassa, tecnologia e capital. Falta visão estratégica integrada: financiamento acessível, incentivos regulatórios e compromisso real. A Agrishow poderia ser o palco desse salto. Mas isso depende de coragem — a coragem de reconhecer que ainda falta muito e que precisamos acelerar.

Se a sustentabilidade energética for tratada apenas como adereço, perderemos mais do que mercados: perderemos a chance de fazer do agro brasileiro um exemplo global de produção limpa, eficiente e competitiva.